segunda-feira, 13 de maio de 2019

PENSANDO POR AÍ


Há muito parei de escrever. Um monte de razões me levaram a parar. Todas são, na verdade, desculpas que a gente encontra para não fazer o que sabemos que temos que fazer. Voltei agora para sempre. Caio na risada! "Para sempre" é tempo demais, mas vou surfando na onda de Marcus Gusmão que tomou vergonha na cara e editou seu primeiro livro: Licuri. Sucesso! Então lá vou.

Uma mineira sabida marcou o passeio das igrejas: uma visita a seis igrejas que viraram cinco. Um monte de gente aderiu. Choveu em Salvador e o povo se assustou. Essa cidade não tem vocação para inverno, ora meu Deus! Eu, nascida por aqui, já sabia que choveria a noite toda e de manhã teríamos o dia perfeito para o passeio. Fui vencida pela responsabilidade.

Vira prá lá, vira prá cá... Um tédio... Pronto! Resolvi ir fazer o tal passeio sozinha. Parei no ponto de encontro e segui em direção à primeira igreja, Nossa Senhora do Monte Carmelo. Uma jóia como todas as igrejas dos séculos XVII – XVIII da Bahia. Em qualquer uma, você pode entrar e é certo que se deslumbrará.

Durante a visita pensei sobre algumas coisas que fui descobrindo à medida que fui entrando nos espaços. Tudo que descobri, descobri para mim, porque o resto do mundo já sabia, porque, tenho certeza, alguém já escreveu sobre tudo aquilo.

A Santa Madre Igreja Católica... Ah! A Santa Madre Igreja Católica... Encontrei naquela igreja uma senzala. Sen-za-la! A igreja mantinha escravos. E sobre as condições, em que os mantinha, vá visitar a igreja, para poder acreditar.

Nos altares e espaços internos, a presença discreta, velada, da maçonaria. Numa tal “Sala da Meza” fiquei parada diante dos quadros em honra aos “Irmãos-priores”, ou seja, alguém da sociedade que guiava a instituição. Todos muito titulados em seus estudos ou posições sociais e severos em suas aparências. Pessoas ditas de bem. Vai lá saber!

Na Igreja de Nossa Senhora do Monte Carmelo tem, também, as catacumbas. Só as famílias podem visitar, exceto no dia Dois de Novembro, quando são abertas à visitação da população em geral.

Essas coisas me botaram para pensar sobre a Igreja e sobre como nós desconhecemos e seguimos desconhecendo os sutis e subliminares movimento das instituições que conformam a sociedade. Um mundo de símbolos, mensagens cifradas, segredos, vão entrando nos nossos espaços, urdindo seus interesses, sua tramas, definindo no esgarçado da tessitura social as decisões que pensamos ter tomado às claras nos espaços institucionais.

O paralelo com o que acontece agora findou inevitável. Estamos vivendo e sendo governados por um circo, ou o circo é só parte do subliminar teatro que de nós esconde as verdadeiras decisões tecidas nas frestas das instituições?